ARTÉRIA GÁSTRICA POSTERIOR. DISSECAÇÃO EM CADÁVERES
Tiago Alves de Moura; Rafael Mezzalira Ruano; Vivian Sartorelli; Maria Clara Figueiredo Carneiro; Gustavo Marques de Souza; João Batista Vieira de Carvalho
INTRODUÇÃO:
Em 1729 Walther descreveu pela primeira vez a artéria gástrica
posterior, um ramo da artéria esplênica para a parede gástrica
posterior. Haller em 1745 denominou-a pela primeira vez como artéria
gástrica posterior. Os tratados de anatomia usualmente não fazem
menção a esta artéria. Em 1978 Suzuki et al veio a descrevê-la
com detalhes (incidência variável entre 4% e 100% à dissecação).
Em 1980, por sugestão de Didio e Suzuki, pela primeira vez, a artéria
gástrica posterior incluída na Nomina Anatômica.
MATERIAIS E MÉTODOS: Estudamos a artéria esplênica
em 30 cadáveres, formolizados (formol 10%) de ambos os sexos, de diferentes
raças, adultos, no Laboratório de Anatomia do Departamento de
Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas, UFMG. O ligamento
gastrocólico foi seccionado e a bolsa omental foi aberta. A artéria
esplênica com todos os seus ramos foram dissecados para exame com especial
destaque à artéria gástrica posterior bem como seu território
de irrigação.
RESULTADOS: Dissecamos 30 cadáveres de ambos os sexos,
de diferentes raças, embalsamados em solução de formalina
a 10% e encontramos a artéria gástrica posterior em 6,6% das peças
dissecadas (2/30 peças). A artéria gástrica posterior foi
ramo da artéria esplênica, com comprimento médio de 3,0
cm, contribuindo consideravelmente para irrigação do fundo gástrico,
sendo a sua ligadura durante gastrectomias possivelmente responsável
por sofrimento do coto gástrico remanescente. Sangramento per-operatório
pode ocorrer durante a dissecação da face posterior do estômago
voltada para a bolsa omental.
DISCUSSÃO: A importância cirúrgica da artéria
gástrica posterior foi ressaltada por Suzuki et al (1978) e Didio et
al (1980). Complicações operatórias como necrose, com sofrimento
do remanescente gástrico em gastrectomias e sangramento devido à
lesão dessa artéria, foram descritos. A importância do conceito
que o suprimento sanguíneo do estômago não é comprometido
com a ligadura das artérias, mantendo pelo menos uma delas íntegra,
deve ser reavaliada através da identificação da possível
existência de uma artéria gástrica posterior, que pode ser
ligada inadvertidamente no ato operatório, comprometendo a irrigação
do fundo gástrico. Stelzsa e Kusiath (25 vezes) descreveram que o suprimento
sangüíneo do estômago se mantém somente pela artéria
gastroepiplóica direita através de anastomoses com outras artérias
gástricas.