ASPERGILOSE PULMONAR TRATADA COM RESSECÇÃO CIRÚRGICA
Renan Vinicius Pinheiro; Rafael Mezzalira Ruano; Jhonatan Hawry Mourão Silva; Gustavo Marques de Souza; Vivian Sartorelli; João Batista Vieira de Carvalho
INTRODUÇÃO:
Aspergilose é uma infecção causada por fungos
do gênero Aspergillus. Manifesta-se através de bola fúngica
de localização pulmonar e está associada a doenças
causadoras de cavidades (tuberculose, neoplasias, fibrose cística). Pode
romper-se na cavidade pleural causando empiema micótico ou sangramento.
O diagnóstico é clínico (história de cura de tuberculose
pulmonar, evolução insidiosa e muitas vezes é assintomática;
a hemoptise é a manifestação clínica mais importante)
e laboratorial (pesquisa de hifas de Aspergillus em escarro, líquido
de lavado bronco-alveolar, punções aspirativas e dosagem de precipitina
do fungo no soro).
RELATO DE CASO: JCJ, 67 anos, feminino, faioderma, trabalhadora
rural, foi internada com quadro de tosse produtiva com expectoração
amarelada, sibilos, hemoptise, febre alta e emagrecimento (8Kg em 8 meses).
Estava em uso penicilina G e amoxacilina sem melhora dos sintomas. Admitida
no Alzira Velano em REG, com diminuição do MV no ápice do pulmão
D e estertores crepitantes no ápice e 1/3 médio homolaterais.
Hemograma: linfocitose (45%) e diminuição dos segmentados (51%).
Glicemia de jejum: 116,30mg/dl. Rx tórax: extensa massa em lobo pulmonar
superior D, com densidade de partes moles, limites parcialmente definidos e
contornos irregulares, espessamento pleural adjacente, sem desvio do mediastino,
medindo 13,5x9,0cm e presença de infiltrado intersticial nas bases pulmonares;
volumosa massa ovalada com densidade de partes moles em 1/3 médio D com
ar adjacente à sua porção superior (sinal do crescente);
infiltrado intersticial em base D e pulmão E e nódulo calcificado
em região paratraqueal D. TC tórax e mediastino: coleção
hipodensa aparentemente intra-cavitária, nos 1/3 superior e médio
do pulmão D (bola fúngica?), com discreto infiltrado intersticial
na base pulmonar. Pesquisa de BK em 3 amostras de escarro, cultura de fungos
no escarro e cultura de secreção traqueal: negativos. Tratamento:
drenagem torácica com saída de secreção sanguinolenta,
antibioticoterapia e pneumectomia à D. Evolução: óbito
no 3º DPO. Laudo histopatológico: presença de cisto pulmonar
com metaplasia escamosa, infectado, compatível com micetoma associado
à presença de processo inflamatório crônico com antracose
e ausência de neoplasia.
DISCUSSÃO: o tratamento é controverso, uma vez
que anti-fúngicos e embolização da artéria brônquica
são insuficientes. A ressecção cirúrgica é
indicada em pacientes instáveis e com grandes hemoptises. Apresenta uma
mortalidade de 26% a 36% nos pacientes com seqüela pulmonar e hemoptises
volumosas. A morte geralmente ocorre através da asfixia por inundação
alveolar ou anemia aguda.