Trabalho Científico - Hospital Universitário Alzira Velano.

SÍNDROME DE FOURNIER EM PACIENTE IMUNOCOMPETENTE

Tiago Alves de Moura; Rafael Mezzalira Ruano; Vivian Sartorelli; Marcela Dutra das Neves; Sabrina Longo Delduque Teixeira; Hudson Almeida

INTRODUÇÃO: Síndrome de Fournier (SF) é uma fasciíte necrotizante (FN) da genitália masculina, descrita como um abcesso peri-retal que penetra a fáscia de Colles e rapidamente se dissemina abaixo do dartos, envolve a pele do escroto, períneo, pênis e coxa interna. É doença rara, acometendo principalmente homens adultos entre 50 e 70 anos, associada a uma imunossupressão. É causada por infecção polimicrobiana, principalmente por Escherichia, Staphylococcus e Streptococcus. A pele é a principal porta de entrada, mas é difícil identificá-la, comprometendo o diagnóstico. A apresentação inicial costuma ser intumescimento doloroso, rubor e infiltração do pênis, escroto ou períneo. A mortalidade varia de 30 a 80%. O tratamento deve ser agressivo devido à rapidez de evolução da FN, que pode se propagar para o abdome. Após o tratamento adequado, geralmente há uma grande área cruenta com exposição de testículos e de funículos espermáticos que necessita ser reconstruído.
RELATO DE CASO: Paciente JSA, masculino, 50 anos, natural de Cabo Verde – MG, deu entrada no serviço médico local no dia 07/07/06, com queixas de prurido, eritema em região perineal e em base peniana e disúria, com início há 1 semana. Ao exame: sinais flogísticos, secreção purulenta em base do pênis e escroto D, linfadenomegalia inguinal bilateral e edema escrotal. Apresentava leucocitose. Realizado debridamento dos tecidos necróticos e enviado material para cultura e antibiograma. Introduzido Cefalotina, Metronidazol, Ciprofloxacino e Gentamicina e realizado curativo diário com Sulfadiazina de Prata 1%. A cultura e antibiograma evidenciaram a presença de Proteus sp, sendo mantido Metronidazol e Ciprofloxacino e associado Tetraciclina. Aguardava-se o debelamento da infecção e a granulação da ferida para realizar a reconstrução da área lesada. Dia 15/08/06, após resolução do quadro infeccioso, o paciente foi encaminhado ao Alzira Velano para tratamento cirúrgico. Foi realizado a ressecção do tecido de granulação e a transposição de retalho da base do pênis e escroto. Evoluiu sem intercorrências, mantendo retalhos viáveis e sem sinais de infecção. Recebeu alta no 7º DPO e segue em acompanhamento ambulatorial.
DISCUSSÃO: Apesar do quadro clínico típico apresentado pelo paciente que leva a suspeita da SF, tal paciente não se enquadra na imunodeficiência ou no agente etiológico mais prevalente.
CONCLUSÃO: Devido à alta mortalidade, o prognóstico depende do diagnóstico precoce e tratamento agressivo e imediato, com o uso de antibioticoterapia parenteral de amplo espectro e dedridamento cirúrgico adequado, evitando a complicação mais comum, a sepse.