HÉRNIA HIATAL SIMULANDO ABCESSO PULMONAR. RELATO DE CASO
Tiago Alves de Moura; Rafael Mezzalira Ruano; Vivian Sartorelli; Marcela Dutra das Neves; Sabrina Longo Delduque Teixeira; Wilson Koitti Tomita
INTRODUÇÃO:
A Doença do Refluxo Gastro-esofágica se caracteriza por manifestações
clínicas variadas do refluxo do conteúdo gástrico e duodenal
para o esôfago, tendo etiologia multifatorial. A associação
de refluxo gastro-esofágico e sintomas respiratórios tem sido
sugerida. Sabe-se que a prevalência de refluxo gastro-esofágica
varia entre 33% e 90% nos adultos e entre 47% e 64% em crianças. Recentemente
verificou-se que 50% dos pacientes com esofagite diagnosticada por EDA apresentam
hérnia hiatal, comparada com apenas 15% do grupo controle sem hérnia.
Tais discrepâncias nas estatísticas da associação
hérnia hiatal e esofagite devem-se a heterogeneidade dos critérios
de definição de hérnia de hiato. Por outro lado, cerca
de metade dos pacientes com hérnia de hiato não apresentam refluxo
gastro-esofágico, detectável clinicamente, sendo por conseguintes
assintomáticos.
OBJETIVO: Este caso clínico vem fundamentar ainda mais,
ao mostrar uma hérnia hiatal, simulando um abscesso pulmonar, que por
refluxo gastro-esofágico, provocou uma pneumonia aspirativa. Assim um
bom estudo diagnóstico levará ao correto manuseio dessas alterações
e beneficiará a conduta terapêutica.
RELATO DO CASO: FDT, sexo masculino, leucoderma, 85 anos, diabético.
Há 4 semanas, iniciou com tosse produtiva com expectoração
mucopurulenta, febre baixa e queda do estado geral nos últimos cinco
dias. Ao exame: prostrado, febril (37,6°C), eupnéico, taquipnéia
leve (FR: 20 ipm), desidratado (+/4+), saturação de O2 95% , PA:
170x70 mmHg. Aparelho Respiratório: expansibilidade diminuída
em base esquerda, crepitações e roncos esparsos em ambas as bases
pulmonares. Rx de tórax: opacidade em base esquerda aliado à imagem
com nível hidroaéreo em seguimento posterior de lobo inferior
esquerdo (retrocardíaco). Exame direto de escarro: com pesquisa de BAAR
negativo em 3 amostras e isolamento de Sthaphillococcus aureus. Foi medicado
com Clindamicina, medida de suporte, com melhora clínica, no entanto,
mantendo mesma imagem radiológica relatada. TC tórax e esofagograma,
confirmaram hérnia hiatal. A partir daí foi feita hipótese
de pneumonia por refluxo, sendo indicado medidas clínicas e farmacológicas
para tratamento de doença do refluxo gastroesofágico.
CONCLUSÃO: Os autores enfocam um caso de hérnia
hiatal simulando abscesso pulmonar, enfatizando a importância clínica
de um raciocínio lógico para a investigação sistemática
deste paciente, a qual deve seguir padrões e protocolos rígidos
de estudo.