Trabalho Científico - Hospital Universitário Alzira Velano.

PREVALÊNCIA DE DOENÇA ARTERIAL OBSTRUTIVA PERIFÉRICA RELACIONADA AO TABAGISMO EM POPULAÇÃO ASSISTIDA POR PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Daniel Hirochi Sukeda; Rafael Mezzalira Ruano; Bruna Medeiros Moraes; Renan Vinicius Pinheiro; Antonio Carlos de Souza

INTRODUÇÃO: O papel do Índice Tornozelo-Braço (ITB) como marcador de doença aterosclerótica e de mortalidade por doenças cardiovascular e cerebrovascular já está bem definido. O tabagismo, um dos principais fatores de risco para doença arterial obstrutiva periférica (DAOP), provoca lesão e disfunção do endotélio vascular e desenvolve um perfil lipídico aterogênico, maior coagulabilidade e hipoxemia realativa pelos efeitos do monóxido de carbono.
OBJETIVO: Detectar a prevalência de DAOP em uma população com idade superior a 40 anos e tabagista, bem como avaliar a possibilidade da utilização do ITB no planejamento de ações de promoção de saúde da população avaliada.
PACIENTES E MÉTODOS: Foram avaliados, por amostragem domiciliar, pacientes com idade superior a 40 anos e tabagistas, assistidos pelo PSF de Divisa Nova – MG. Foram inclusos todos pacientes sintomáticos e assintomáticos em relação a DAOP, obtendo-se o ITB, além da aplicação de um instrumento para avaliação de fatores de riscos associados a DAOP. Foi considerado como portador de DAOP a presença de ITB < 0,9.
RESULTADOS: A população assistida pelo PSF é de 5926 pacientes, sendo que 1809 apresentavam idade superior a 40 anos. Foram avaliados 134 pacientes, correspondendo a 7,4 % desta população. Destes, 54 tinham como fator de risco o tabagismo. A prevalência de ITB < 0,9 foi de 42,06% nestes pacientes. Na população sem este fator de risco o ITB < 0,9 foi de 25,03%.
DISCUSSÃO: Em um programa de assistência de saúde domiciliar a utilização do ITB define um grupo de pacientes que devem ser abordados com profilaxia para eventos cardiovasculares. Este marcador apresenta boa reprodutibilidade, de baixo custo e é um marcador bem definido de doença aterosclerótica difusa, com alta taxa de mortalidade entre pacientes portadores de DAOP, definida com o ITB. Pôde-se comprovar, através deste estudo, que o tabagismo contribui consideravelmente para a ocorrência de DAOP.
CONCLUSÃO: A aferição do ITB como rotina em programas de assistência familiar domiciliar é um método extremamente útil e barato, como forma de selecionar um grupo de pacientes com maior risco de eventos cardiovasculares e, com isto, delinear ações de saúde voltadas para estes pacientes. A atuação sobre os fatores de risco modificáveis, como o tabagismo, deve ser realizada de modo incisivo, a fim de postergar o início e a evolução da DAOP.