TRAUMA TÓRACO-ABDOMINAL. A PROPÓSITO DE UM CASO
Jhonatan Hawry Mourão Silva; Rafael Mezzalira Ruano; Vivian Sartorelli; Fabiano Andrade Camargos; Cezar Ricardo Recco Gonsalles; João Batista Vieira de Carvalho
INTRODUÇÃO:
O trauma de tórax é responsável por aproximadamente
25% da mortalidade relacionada ao trauma de forma direta e outros 25% da mortalidade
decorrem de complicações torácicas. Algumas situações
exigem toracotomia de emergência e a escolha da via de abordagem pode
definir o resultado do tratamento.
RELATO DO CASO: Paciente AF, 34 anos, masculino, deu entrada
no PS do “Alzira Velano” trazido pelo Corpo de Bombeiros, imobilizado, minutos
após ter sofrido queda de 10m de altura secundária a descarga
elétrica em MS D. Referia perda temporária da consciência
no local do acidente. Ao exame: MEG, ECG 14, pupilas isocóricas fotoreagentes,
pálido, sudorético, pele fria, cianose de extremidades e pulsos
filiformes. Fc 120bpm; Fr 26ipm, PA 40x00mmHg. Ar: ventilação
espontânea, expansibilidade diminuída, respiração
paradoxal, presença de hematoma e lesão aberta com solução
de continuidade em HTX D e evisceração do pulmão D em seu
lobo inferior; enfisema em subcutâneo à D; MVF diminuído
difusamente em HTX D com estertores grossos em metade inferior ipsilateral.
Agi: RHA aumentados, abdome tenso, doloroso à palpação
difusa. US abdome: líquido livre na cavidade de moderado volume. TC tórax
e abdome: presença de importante contusão em base de pulmão
D; pequeno hidropneumotoráx à D; fraturas múltiplas de
arcos costais; enfisema de subcutâneo em parede látero-inferior
de HTX D; baço de textura heterogênea e moderada quantidade de
liquido em cavidade peritoneal. TC crânio: normal. Rx Tórax: presença
de enfisema de subcutâneo em HTX D; múltiplas fraturas de arcos
costais à D com fragmentos penetrantes no lobo inferior do pulmão
D e lobo hepático D; pulmões pouco expandidos com infiltrado interstício
alveolar em base D. Indicado cirurgia de emergência, realizado tóraco-freno-laparotomia
exploradora, com acesso subcostal D associada à mediana xifo-púbica,
realizada lobectomia hepática à D e esplenectomia total.
DISCUSSÃO: Paciente apresentou complicações
graves associadas ao trauma tóraco-abdominal com fratura de múltiplas
costelas, laceração, contusão e hematoma pulmonar, laceração
diafragmática, do lobo hepático D e baço, com hemopneumotoráx
aberto e hemoperitônio volumoso associado a choque hipovolêmico.
A constatação de trauma múltiplo de vísceras parenquimatosas
com hemopneumotórax e hemoperitônio solicitou a abordagem através
de tóraco-freno-laparotomia para acesso aos órgãos afetados.
A evolução do paciente foi favorável. A conduta cirúrgica
com abordagem radical das lesões em paciente jovem foi responsável
pela sobrevida do paciente e sua recuperação.