TRATAMENTO CLÍNICO-CIRÚRGICO DE CORPO ESTRANHO INTRA-ESOFÁGICO
RUANO, R.M.; AMARAL, N.F.F.;
MOTA, F.L.; FERNANDES, M.A.Jr.; CARVALHO, J.B.V.
Universidade de Alfenas – MG – Brasil (rafael_ruano@hotmail.com)
INTRODUÇÃO:
A ingestão de corpo-estranho com impactação esofágica
é muito comum em nosso meio, particularmente devido à presença
do lago de Furnas e a atividade pesqueira. Um número apreciável
de ingestão de espinhas de peixe com impactação em vias
digestivas superiores e inferiores é vista todos os anos.
RELATO DE CASO: Paciente MGS, 24 anos, masculino, deu entrada
no Alzira Velano com quadro febril de 38°C, dor torácica e história
de ingestão de peixe recentemente. Rx tórax: PTX simples à
D e derrame pleural com velamento do seio costo-frênico D. EDA: presença
de corpo estranho (espinha de peixe) em esôfago médio. Com a sua
retirada ocorreu grande volume de hemorragia sendo necessário aspiração
e colocação do balão de Sengstaken–Blakemore. TC
de tórax com contraste: presença de corpo-estranho transfixando
a aorta descendente em sua parte média e esôfago torácico
médio. Paciente foi conduzido ao bloco cirúrgico após estabilização
hemodinâmica sendo realizado toracotomia ântero-lateral E com isolamento
da aorta acima e abaixo do local da perfuração e retirado o corpo
estranho. Feito debridamento amplo e sutura da aorta e o esôfago médio.
No início da toracorrafia o paciente apresentou hemorragia de grande
vulto por ruptura da aorta evoluindo para o óbito apesar das tentativas
de conter o sangramento.
DISCUSSÃO: A ingestão de espinha de peixe é
freqüente causa de corpo estranho intra-esofágico observada nas
regiões banhadas por lagos. O tempo constitui fator de importância
para o tratamento efetivo. A presença de mediastinite e a perfuração
associada de esôfago e aorta descendente constituem fatos raros, mas contribuem
para a maior morbi-mortalidade.
CONCLUSÃO: O paciente evoluiu insatisfatoriamente devido
ao quadro de mediastinite e infecção da parede aórtica
e tecidos circunjacentes. A aortorrafia não conseguiu suportar a tensão
e energia decorrentes da pressão arterial e o resultado foi à
ruptura da aorta aguda com óbito do paciente.